31 maio 2009

Fernanda Porto lança Auto.Retrato


Fernanda Porto lança Auto.Retrato


CD traz 14 canções inéditas

Por Zé Pedro

Apesar de muitos artistas no Brasil declararem afinidades e interesse por esse assunto, a música eletrônica é um estilo é pouco explorado por aqui.

No mundo todo, grandes artistas do pop, ao lançarem um álbum de carreira, trazem remixes especialmente para os DJ’s tocarem nas pistas de dança. A música de trabalho sai num um cd single que reúne a versão original e várias outras, em diversos estilos. Por aqui, sempre existiu um forte preconceito.

Em 2002, Fernanda Porto acendeu a luz no fim do túnel: seu primeiro álbum era descaradamente eletrônico. Os arranjos eram todos dela, quase todas as canções de sua autoria.

“Fernanda wants to be a superwoman”, foi o pensamento de todos naquela ocasião. E ela tinha força para isso: sabia compor, tocava vários instrumentos, em uma polivalência consistente.

Não era uma menina jogada aos leões do mercado musical: sua batalha já vinha de muito tempo, quando Fernanda foi considerada uma das promessas dos anos 90, ao lado de Cássia Eller e Zélia Duncan. E até a chegada do grande momento, ela fez de tudo um pouco: experimentou trilhas para cinema, fez shows onde misturava o pop brasileiro com a dita MPB clássica e foi até Londres, onde percebeu a efervescência dos DJ’s. Ali, Fernanda presenciou a chegada do drum’n’bass ao mundo, uma mistura poderosa de elementos do jazz com a cadência do samba.

Foi amor à primeira vista. Junto com o DJ Patife (ainda um ilustre desconhecido), Fernanda começou a trabalhar com a música eletrônica. E não parou mais. Seu primeiro álbum parece uma coletânea de sucessos - quase todas as faixas tocaram no rádio -, e Fernanda atravessou o país e o mundo com seu novo som. Como tudo que dá certo no Brasil é consumido na base da histeria e do exagero, o drum’n’bassdançou. também

E agora, Fernanda? Sem medo, ela voltou ao ponto inicial e lançou seu segundo álbum, bem mais acústico e cheio de baladas pop. O ritmo eletrônico aparecia pouco, mas Fernanda contou com a benção de Chico Buarque na poderosa versão eletrônica do clássico “Roda Viva”.

Depois, era hora de revisar sua breve, porém importante história: lançou um álbum ao vivo no qual olhou para o passado e visitou os novos compositores do momento, como Marcelo Camelo.

Agora, Fernanda Porto está de volta ao estilo que a consagrou: sem medo de ser feliz e sabendo-se capaz de ensinar, a quem interessar possa, o que é a nossa música brasileira eletrônica. Neste Auto.Retrato, ela volta a centralizar o comando em suas próprias mãos, tomando conta de tudo, bem de perto.O disco é uma mistura poderosa de vários estilos eletrônicos : NuJazz, BreakBeat, DownTempo, Progressive House e, claro, o estilo que a consagrou: o Drum’n’bass.

O disco abre com um recado, já na faixa título: “Pouco doce e muito sal / O meu nome não é mesmo Gal / Eu até me acho normal”, deixando o ouvinte livre das comparações e pressões que acompanham as tais grandes cantoras.

Em “Eu Preciso Entender Tudo Isso” Fernanda dá pistas do recomeço (“Eu preciso entender tudo isso / Perdi o chão, o fim, o início”) e mostra certezas em “Virou Canção” (“Mundo afora te encontrar/ Longe ou perto um lugar prá chegar ou partir”). A faixa “Na Bossa ou no Samba” define seu estilo: “A bossa nasceu do samba / Cantando baixinho / E quando ouviu batucada chegando se entregou”.

O novo CD traz ótimas baladas com baterias eletrificadas, sem perder o pique de romance: “Conte-me Tudo”, “Vem Morar Comigo” e “Parece Ser”, esta última em parceria com Christianne Neves, pianista formada em MPB tradicional, que mergulha sem rede de proteção, junto com Fernanda, na música eletrônica.

Fernanda Porto não é mais musa do drum’n’bass. Esse tempo já passou. Fernanda é musa de qualquer estilo eletrônico, e eles são muitos. No Brasil, nem tantos, mas se eles existem, esse mundo é seu. De Fernanda Porto.

Fonte: EMI

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